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Medicina Ancestral

Medicina Tradicional Andina

Uma breve opinião

A medicina tradicional andina tem várias vertentes, sendo que o conhecimento dos amautas não encontra-se somente em uma das linhas, mas em várias.

Os caminhos são vários, os dos yatiris, kallawayas, esses mais para a região da Bolívia. Os Q’eros encontram-se mais na zona de Cuzco. Há as práticas da selva amazônica.

Infelizmente o que se vê hoje são muitos nativos entregues ao problema do álcool e às novas vertentes evangélicas.

Alguns antropólogos tentaram resgatar parte desses conhecimentos, sendo que muitos hoje ganham a vida vendendo uma idéia como se um único povo ali fosse detentor dos segredos ancestrais. Embalaram pra presente meia-dúzia de práticas que vendem por aí como sendo o conhecimento ancestral.

Entrando um pouco na parte histórica, temos uma mescla de diversas práticas.

Isso ocorreu porque os incas, que eram um povo específico da região, acabou englobando no seu império Tawantinsuyu uma série de outros povos com práticas muito particulares. Como não havia supressão dessas práticas por parte deles, houve uma integração, por exemplo, Inti é um deus inca, já Pachamama e os apus(espíritos guardiães das montanhas) são práticas pré-incas. Assim como no México, por exemplo, Quetzacoatl é originalmente tolteca, mas passou a ser venerado pelos astecas.

Na medicina tradicional andina há o conhecimento e a toma de plantas sagradas como a Ayahuasca e o Wachuma, bem como diversos trabalhos e práticas que buscam a cura e a percepção de várias dimensões de realidade. Tais práticas são extremamente ligadas à cosmovisão de seus povos.

Nas práticas dos q’eros, por exemplo, há uma percepção de um mundo de energias em movimento, de força que está em cada coisa viva, esse “mundo” é chamado kausay pacha, kausay é energia vital. Somos dotados de um corpo luminoso, uma bolha, chamada poqpo, onde estão energias refinadas e densas (chamadas samyi e hucha), que não são boas nem más, porque não se concebe esse conceito dualista, apenas são energias que vibram diferente.

Nesse corpo luminoso há um ponto, chamado qosqo(literalmente significa umbigo), localizado na bolha energética e fica 3 dedos abaixo do umbigo físico. Com o qosqo percebemos as energias sutis, bem como digere-se energia densa, devolvendo-a à terra através de um ponto que fica no “chakra” base.

Há várias “funções” para esse umbigo energético que são desenvolvidas através de determinadas práticas. No topo da cabeça há outro ponto, pelo qual recebemos energia refinada. Há um entendimento dos pólos, masculino e feminino, e de várias dimensões nas quais podemos transitar.

Também há fibras energéticas que nos ligam às coisas, objetos, pessoas, que podem ser “limpadas” para que recuperemos energia presa nesses eventos.

Ayni: Reciprocidade

Para compreender o mundo andino, também temos que compreender o que é o compratilhar e a reciprocidade, ayni. O equilíbrio de tudo está nessa troca recíproca, doar e receber.

Nas práticas populares vamos encontrar uma forma de manifestar essa reciprocidade, através dos despachos, dos k’intus feitos com as folhas da coca, das oferendas à terra, Pachamama, doadora de vida, de alimento, nutridora.

Gratidão

Tatiana Menkaiká

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Foto original McKay Savage