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Roda Medicinal

Ensinamentos cerimoniais da Roda de Cura

Nas tradições nativas e indígenas, há sempre cerimônia. A cerimônia é uma maneira de honrar a vida através do ritual. É uma maneira de invocar o poder que habita dentro de nós todos, e conectá-lo à Natureza e à Mãe Terra, colocando-nos em alinhamento e, portanto, em harmonia e totalidade.

Nossos antepassados de todo o mundo participaram de cerimônias desde o início dos tempos. Nossa sociedade moderna se afastou do ritual e das celebrações de cerimônias, o que resultou em uma grande sede dos seres humanos para retornar a esses caminhos antigos. Como seres humanos, somos codificados para o ritual. Está em nosso DNA, e no de nossos antepassados.

Quando nos envolvemos em uma cerimônia, estamos despertando e afirmando nossa sabedoria inata e poder como filhos da Mãe Terra. Estamos invocando nossa capacidade de curar corpo, mente, espírito e planeta. Estamos conectando com a natureza e nosso ritmo natural. Toda a vida está no ritmo. Quando seguimos com o fluxo do ritmo e das mudanças da vida, estamos em um estado de harmonia.

A Roda de Cura (ou Roda de Medicina), e as instruções contidas nela, são metáforas para este ritmo natural e o círculo da vida. Na verdade, não há morte. A vida é simplesmente uma espiral contínua de nascimento e renascimento. Nós surgimos como espírito puro e nascemos em forma física, onde nos moveremos em uma espiral de experiência, até renascermos de volta ao espírito puro. Nos movemos ao redor dos círculos internos da Roda de Cura muitas vezes enquanto caminhamos em torno da Grande Roda de Cura da vida. Começando com nosso nascimento no físico no Leste, nossa infância no Sul, nossa consciência de quem somos no Oeste e nossa sabedoria e conhecimento final enquanto colhemos a abundância da nossa vida no Norte. Então nascemos de novo à medida que nos movemos para o Leste.

Cada nação nativa tem uma maneira diferente de honrar as direções da roda da medicina. Embora eu seja de descendência Cherokee, eu abraço uma visão eclética de muitas crenças nativo-americanas diferentes. E o que eu compartilho com vocês aqui é este ponto de vista eclético. Há um fio comum que tece uma unidade entre todas os povos e, assim, tudo é honrado e respeitado dentro deste ponto de vista.

Quando honramos as direções, estamos realmente olhando para 7 direções. Leste, Sul, Oeste, Norte, Acima, Abaixo e Centro. No Leste temos iluminação, nascimento, despertar, o nascer do sol. Experimentamos o elemento do Ar*, o vento que nos impulsiona ao longo de nossa jornada na vida. Temos o apoio das Energias Animais da Águia, que é Espírito, e Falcão que é Mensageiro.

Do Sul temos cura, infância, confiança, o calor do sol do meio-dia e as lições. Experimentamos o elemento do Fogo*, a força da mudança e do crescimento. Temos o apoio das Energias Animais do Porco-Espinho, que representa a inocência, e do Rato, que representa escrutínio.

Do Oeste temos introspecção, escuridão, intuição, consciência pessoal, limpeza. Experimentamos o elemento da Água*, a força purificadora e nutritiva da vida, a base da nossa biologia. Nós somos suportados pelos totens animais do Urso, que representa a introspecção e o crescimento, e a tartaruga, que nos traz a limpeza.

Do Norte temos Abundância, Sabedoria, Totalidade, Descanso e Conclusão. Experimentamos o elemento da Terra*, nossa Mãe. Somos apoiados pelo Búfalo, que representa abundância e oração e pelo Lobo, que é nosso professor e nos fornece sabedoria.

Acima de nós está o Pai Céu, onde residem a avó Lua e o avô Sol. A essência de nossos avós e avôs é a força da própria vida – luz e ritmo. Abaixo de nós está a Mãe Terra, o solo que cria todo o alimento. Ela é nossa casa e nosso santuário. Ela é beleza em todas as coisas. O Centro do Universo Dentro de nós é o nosso Espírito, nosso Coração. Somos o resultado da divina e sagrada união de Deus Mãe / Pai. Somos filhos da Terra e do Céu e representamos a unidade.

E assim, em Cerimônia, honramos os vários aspectos aqui explicados como a Roda de Cura. Este termo, por sinal, é um termo dado às várias formações rochosas que os europeus descobriram quando chegaram à Ilha da Tartaruga – as Américas. Não é um termo indígena, mas europeu. Eles descobririam rochas em um círculo, e círculos e raios dentro desse círculo. Estes círculos são altares de oração e metáforas de vida para os povos nativos das Américas.

À medida em que nos conectamos com essa codificação interna para o ritual através da cerimônia, estamos conectando a nossa essência central, nossa sabedoria, nossa luz, nosso poder. Você não precisa ser descendente de nativos para experimentar esta conexão. Você simplesmente precisa ter um desejo sincero de honrar a natureza, os duas-pernas, os quatro ou oito-patas, os seres alados, as plantas, as árvores, a terra e as rochas – toda a vida. Através desta homenagem e da conexão que você experimenta através da cerimônia, você chegará a conhecer um poder que está dentro de você que é o poder do universo. Este poder é a SABEDORIA – todo conhecimento – toda cura – é divino, e você também é!

Melinda Rodrigues – Pathways of Wisdom
Tradução: Tatiana Menkaiká

*Nota da tradutora: os elementos associados às direções sagradas, bem como seus totens, variam de tradição para tradição, como bem diz a autora. No Terra Mística fazemos a seguinte associação: Leste -> fogo, espírito, águia; Sul -> água, emoções, coiote; Oeste -> terra, físico, urso; Norte -> ar, mente, búfalo.