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Medicina Ancestral

Ensinando Huna para Crianças

Às vezes me perguntam se existem livros ou cursos escritos e dedicados especialmente para crianças ou se eu poderia fazê-los.

Em primeiro lugar, acredito que seria ótimo se alguém os fizesse (me avisem para que eu possa informar as pessoas quem está fazendo). Em segundo lugar, eu não o faria pois acredito que o Huna é tão simples que qualquer pessoa de qualquer idade pode compreendê-lo e aplicá-lo. Na verdade, na maioria das vezes, quando estou ensinando pessoas adultas, tenho de tornar o Huna mais complicado do que realmente é para que elas o aceitem.

Frequentemente, quando o Huna é apresentado da forma simples como é, pessoas com formação científica e condicionamento intelectual têm a tendência para desmerecê-lo, como se não valesse a pena aprender. Quando os pais me perguntam se seus filhos podem frequentar um dos meus cursos sempre respondo que sim desde que estejam bastante interessados em participar dos exercícios, discussões e questionamentos. O mais jovem participante que já tive em uma vivência de Huna foi um garoto de cinco anos e meio. Ele acabou sendo um dos melhores alunos, que apresentou as experiências mais intensas e algumas das melhores perguntas. A única concessão que precisei fazer foi deixá-lo, durante as meditações, rolar em silêncio para frente e para trás, por baixo da cadeira da sua mãe.

Pessoalmente, não vejo nenhuma necessidade de desenvolver um curso específico para crianças (embora muitos pais achem que sim). Uma criança tem os mesmos tipos de problemas básicos dos adultos (amor, medo, raiva, sucesso, etc). e o mesmo desejo de ser mais feliz e mais eficaz. Desde que uma criança tenha alguma coisa que queira mudar, então ela estará preparada para o Huna.

Naturalmente, é importante adequar sua linguagem para o seu público. Quando ensino um grupo formado predominantemente por adultos e com poucas crianças, faço questão de incluir exemplos com os quais as crianças possam se identificar e diminuir as discussões intelectuais para que elas não percam muito o interesse. Quando ensino um grupo formado predominantemente por crianças e com poucos adultos, eu incluo exemplos que os adultos possam se identificar e uma ou duas ideias mais intelectualizadas de modo que eles não fiquem entediados. E dou liberdade, tanto aos adultos quanto às crianças, de ir e vir de acordo com suas vontades, considerando a teoria de que uma pessoa, afinal de contas, apenas irá aprender aquilo que tiver interesse. Parte da minha função como professor é fazer com que o curso seja o mais interessante possível para todos os participantes, mas não sou obsessivo quanto a isso.

Se fosse ensinar os Sete Princípios a um grupo de crianças eu, provavelmente, os reescreveria. Afinal, não há nada de sagrado com a forma como foram escritos. Desde que você explique o conceito, você estará sendo fiel ao espírito de cada um dos princípios. Assim, eu poderia apresentá-los da seguinte forma alternativa:

1 O mundo é o que você acredita que ele é
Como você se sente depende de como você pensa

2 Não há limites
Todas as coisas ouvem o que você diz e sentem o que você sente

3 A energia flui para onde a atenção é colocada
O que você quer é mais importante do que o que você não quer

4 Agora é o momento de poder
As coisas não acontecem nem ontem e nem amanhã; elas somente acontecem neste momento

5 Amar é ser feliz com…
Quanto mais feliz você for, mais sorte terá

6 Todo poder vem de dentro
Há sempre alguma coisa que você pode fazer

7 A eficácia é a medida da verdade
Sempre faça aquilo que funciona (e se o que você fizer não funcionar, faça alguma coisa diferente)

Estas são apenas sugestões, naturalmente. Em grupos ou situações particulares, eu poderia alterá-los de outra maneira.

As crianças, assim como os adultos, têm a tendência de responder bem aos exercícios com a imaginação, o que significa que é muito importante utilizar muitos termos descritivos repletos de conteúdo sensorial quando se está explicando alguma coisa ou conduzindo uma meditação ou outra experiência íntima, pois quanto mais abstrato você for menor será a impressão deixada.

Considere esta frase de uma meditação conduzida que eu ouvi: “Agora você está em um local maravilhoso onde todos estão felizes”. Bem-intencionada mas não impressiona ninguém, na verdade. Esta seria uma alternativa mais sensibilizante: “Agora você está em um parque onde os passarinhos cantam ao lado de uma queda d´água rodeada por lindas flores, com muitas crianças brincando e rindo”. A regra aqui é descrever alguma coisa que poderia ser um local ou um evento específico e não simplesmente um local ou um evento qualquer.

Quando há crianças no grupo (e alguns adultos) é também uma boa ideia permitir mais movimentação do que o normal. A maioria dos adultos na sociedade moderna foi condicionada por muitos anos a se sentar em silêncio durante uma aula. O aprendizado humano, entretanto, se dá muito mais rapidamente e é mais lembrado quando tanto a mente quanto o corpo são envolvidos no processo, e as crianças sabem disso instintivamente. Quando tenho crianças em meus trabalhos, permito que façam tudo que quiserem, desde que isso não provoque a dispersão da classe. Ao longo dos anos, descobri que algumas pessoas aprendem melhor quando estão caminhando, deitadas, olhando para outra direção ou apenas movimentando-se ritmicamente. Como as crianças têm mais habilidade para agir dessa forma do que os adultos, dou a elas o máximo possível de liberdade.

As crianças não precisam ser ensinadas de maneira diferente só por serem crianças. Devem ser ensinadas de uma maneira que leve em conta seus níveis de linguagem, suas preocupações e suas capacidades de aprendizado da forma que se aplicam a todos os seres humanos, independentemente da idade.

Por Serge King
Tradução: Luiz Carlos Jacobucci
Fonte: Aloha Internacional