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Comportamento

O tempo de cada um

Nossa sociedade está cada vez mais automatizada. A tecnologia, quando bem utilizada, une pessoas, cria oportunidades, rompe fronteiras, mas por outro lado, viemos nos deparando com cada vez mais pessoas desconectadas de si e imediatistas. Em parte, dentro da minha experiência de vida, venho notando realmente isso. Porém, creio, não ser somente uma observação própria e sim uma circunstância da época em que vivemos.

Temos apenas alguns caminhos nessa vida: o de viver, e viver bem, sendo quem realmente somos, ou apenas sobreviver caminhando pelas rotas do que outros planejaram para nós. Rompermos limites, sairmos do “lugar comum”, enfrentarmos o desconhecido, ou agarrarmo-nos nas pedras que aparecem ao longo da correnteza do rio e evitar seguir seu fluxo? Qual desses caminhos você realmente escolheu, ou escolheram, para você? Reflita.

A cada dia tudo é mais objetivo, o que por um lado é ótimo, em um mundo com tantas informações a serem processadas pelos nossos filtros. Por outro lado, estamos deixando passar focos ou pontos onde deveríamos estacionar por um tempo, aprofundar, compreender, desvendar, permitindo uma transformação profunda e não superficial. A tendência do mundo espiritual e de busca por desenvolvimento pessoal tem oferecido catarses poderosas e rápidas. A oferta é grande, a busca por essas experiências também. Mas lembre-se, uma catarse pode durar um período e jamais substituirá uma transformação de padrões, crenças, focos e necessárias mudanças em nossas vidas para sermos cada vez mais quem somos.

Obviamente, qualquer um de nós, gostaria de transformar dores, tristezas, problemas, em um estalar de dedos, e isso até é possível, mas nossa estrutura consciente nem sempre permite, desacredita dessa possibilidade, necessita um tempo de cura que varia em cada indivíduo. Nosso consciente é cerca de 5%, enquanto nosso subconsciente guarda os 95% restantes de uma forma um tanto enigmática a qual precisamos aprender a decifrar. E para que essa proporção consciente-subconsciente funcione em harmonia e se equilibre, é preciso que encontremos o nosso próprio ritmo no meio do turbilhão que é o mundo a nossa volta hoje.

Deixemos a preguiça e o imediatismo de lado quando algo nos chamar a atenção, quando um foco necessitar ser repensado, quando nossa intuição falar mais alto, quando uma mudança apontar em nosso caminho, quando precisarmos dar um tempo de tudo e todos. Precisamos saber parar algumas vezes, encontrar o nosso próprio ritmo e tempo internos de fazer nossos processos. Não aceitemos tudo pronto. Sim, não aceitemos, embora a oferta seja irresistível. Escolhamos com cuidado e sabedoria. Vá buscar, questionar, encontrar a sua versão dos sentimentos, dos fatos, da vida! É mais difícil? Sim, parece, mas é extremamente mais nutridor, transformador e compensador. Isso, ninguém poderá fazer por você, por nós, por mais que nos vendam um estilo de vida ilusório, paremos de aceitar tudo que já vem em um belo pacote, pronto para usar. Deixemos isso para a tecnologia, para os eletrodomésticos, não para a nossa essência e para nossos sonhos e planos. Aceitar “mastigada” aquela notícia sem questionar, aquela fofoca, aquela situação ou emoção, ou como devemos viver e nos comportar é escolher desconectar de quem realmente viemos para ser: únicos, donos de si e das rédeas de nossas vidas.

Gratidão,

Tatiana Menkaiká